Artigo coletivo

Maria Helena Bonilla, Simone de Lucena Ferreira, Daisy Fonseca, Telma Brito Rocha, Alessandra de Assis Picanço, Adriane Halmann

Educação, culturas e cibercultura na sociedade contemporânea..
(Título a ser pensado)

Para compreender a sociedade atual é importante tratar das relações entre as tecnologias digitais e a cultura contemporânea, que vem sendo chamada de cibercultura. Conforme pressupostos de André Lemos (2003), a cibercultura configura-se como uma "forma sócio-cultural que emerge da relação simbiótica entre a sociedade, a cultura e as novas tecnologias de base micro-eletrônica que surgiram com a convergência das telecomunicações com a informática na década de 70" (p. 12). Ainda em consonância com as teses de Lemos (2003)

[...] não podemos compreender a cibercultura sem uma perspectiva histórica, sem entender os diversos desdobramentos sociais, históricos, econômicos, culturais, cognitivos e ecológicos da relação do homem com a técnica. A cibercultura nasce no desdobramento da relação da tecnologia com a modernidade que se caracterizou pela dominação, através do projeto racionalista-iluminista, da natureza e do outro. Se para Heidegger (Heidegger, 1954) a essência da técnica moderna estava na requisição energético-material da natureza para a livre utilização científica do mundo, a cibercultura seria uma atualização dessa requisição, centrada agora na transformação do mundo em dados binários para futura manipulação humana (simulação, interatividade, genoma humano, engenharia genética, etc.) (Lemos, 2003:13)

No entanto, essa manipulação não implica necessariamente em dominação e monitoramento, embora estas formas de controle estejam postas e sejam efetivamente usadas. As potencialidades das tecnologias contemporâneas estão desencadeando também movimentos horizontalizados e auto-organizativos, a exemplo das comunidades virtuais de aprendizagem, que se constituem em ambientes de partilha, aprendizagem e produção colaborativa. Nessas comunidades as pessoas “refletem sobre a própria construção das aprendizagens e das representações, sobre o que elas são, sobre seus universos, suas realidades, seus cotidianos” (Dias, 2002), através dos canais de comunicação e dos espaços coletivos para produção e publicação, retirando-se assim o privilégio da posse e controle do conhecimento, seja de quem for, uma vez que o conhecimento foi gerado dentro da comunidade.

É no cruzamento dessas diversas possibilidades de articulação em rede que emerge um conjunto de técnicas – materiais e intelectuais -, práticas, atitudes, modos de pensamento e valores específicos a esse contexto, denominado de cibercultura (Lévy, 1999:17)

A cibercultura possibilita encontrem os sujeitos singularizados suas próprias vozes e falem por si próprios de uma forma pública, expandindo o envolvimento político direto e automediado, ultrapassando as barreiras dos controles externos e facultando formas alternativas de comunicação, oportunidades de renegociação das regras da vida social no sentido de uma mais plena democracia, onde cobram importância fundamental as comunidades virtuais construídas de forma rápida em torno de interesses partilhados. (Marques, 1999:144) obs quem tem essa citação? corrigir a frase inicial.

Abrem-se assim possibilidades para fazer, pensar e conviver que não poderiam ser pensadas sem a presença dessas tecnologias, da mesma forma que a escrita abriu possibilidades que não poderiam ser pensadas num contexto oral. Entretanto, isso não quer dizer que todas essas possibilidades serão aproveitadas. Algumas serão fortificadas, outras não serão utilizadas e cairão no esquecimento. De qualquer forma, cada uma dessas tecnologias intelectuais não pode ser vista apenas pelo seu viés instrumental. Elas introduzem um novo sistema simbólico para ser processado, (re)organizam a visão de mundo de seus usuários, impondo outros modos de viver, pensar e agir, modificam hábitos cotidianos, valores e crenças. Dessa forma, constituem-se em elementos estruturantes das relações sociais.

Para uma melhor compreensão da cibercultura podemos tomar como parâmetros algumas leis que, segundo Lemos (2003:22) parecem nos indicar pistas para a analise da sociedade contemporânea: 1) Lei da Reconfiguração - trata-se de reconfigurar espaços e práticas das modalidades mediáticas, sem a substituição de seus respectivos antecedentes; 2) Lei da Liberação do pólo da emissão - o que vivemos atualmente é uma proliferação dos meios de informação e a explosão e dispersão das informações anteriormente reprimidas pela existência do controle dos mass media; 3)Lei da Conectividade generalizada - a conectividade coloca em contato direto, homens e homens, homens e máquinas mas também máquinas e máquinas que passam a trocar informação de forma autônoma e independente. Com esse tipo de conexão existe a redução do tempo real e o espaço se reconfigura na perspectiva de suas renovações.

Essas características do ciberespaço, segundo Trivinho (1999), provocam a implosão da Teoria da Comunicação. Nessa teoria, as categorias – emissor, receptor, mensagem, canal, ruído, feedback, contexto, codificação – estão bem demarcadas, com características e funções definidas e demonstráveis empiricamente, de forma a satisfazer os critérios de cientificidade do discurso acadêmico. No entanto, no ciberespaço, essas categorias

perdem o caráter distinto, ora porque se imbricam, se sobrepõem ou se mesclam umas às outras, ora porque se ofuscam mutuamente, se auto-anulam e se desfiguram, com a agravante de que esse processo implosivo deixa de comprometer tão somente a natureza dos elementos básicos para deixar ainda em risco o próprio edifício esquemático sob o qual se finca a teoria. Comparecem aqui todas as características de uma era de confusão, expressão correspondente à fase atual da sociedade tecnológica (Trivinho, 1999:182-183)

O ciberespaço oportuniza a emergência da comunicação interativa que se processa de forma flexível, de acordo com a vontade e o estilo dos indivíduos comunicadores, sem o controle de centros emissores. Deixam os indivíduos de ser meros consumidores de informações para assumirem o papel de participantes, interventores, provedores, co-autores de processos e produtos. Nesse sentido as práticas mais convencionais de aquisição seqüenciada da informação vão perdendo espaço para uma dinâmica não linear, permitindo que os sujeitos construa uma rede de saberes a partir das múltiplas interações que ele vai estabelecendo com essas informações, que não mais são estabelecidas a partir de um único pólo irradiador. Desse modo, a expansão tecnológica não direciona de forma determinística os caminhos cotidianos das pessoas, porém interfere efetivamente no desempenho de papéis dentro de um determinado tipo de sociedade, no qual o aporte tecnológico é importante para determinados objetivos tanto individuais, quanto coletivos, e ainda para a consecução de diversos objetivos profissionais ou produção de novos objetivos. Por outro lado, esses objetivos que vão se constituindo, bem como as relações e as articulações que se processam no interior dessa nova cultura leva ao desenvolvimento de novas tecnologias. Temos então presente um processo complexo onde a organização acontece a partir de efeitos e produtos que são necessários a sua própria causação e a sua própria produção (Morin, 1998:182).

Aprofundar essas relações de influências (Adriane)

Assim, a sociedade contemporânea é demarcada por alterações que proliferam rapidamente no mundo globalizado. As diversas descobertas nos campos científicos e tecnológicos produzem novas convicções que reconfiguram certezas já estabelecidas e edificam outras. Nesse panorama acrescente-se a velocidade de propagação dessas alterações alicerçadas na emergência das tecnologias de informação e comunicação. As tecnologias de informação e comunicação têm propiciado alterações significativas nas relações intelectuais e sociais que provocam mudanças de difícil compreensão no contexto social. Tomando aqui o digital como uma construção cultural do coletivo que interage com essas tecnologias, criando novos ambientes de aprendizagem e produzindo conhecimento, cabe a nos questionarmos como elementos dessa cultura digital podem tencionar, ressignificar novas práticas no campo do currículo, da educação, e da sala de aula. Pensar “outras educações” com as TICs, implica superar a visão fragmentada do conhecimento, e as práticas educacionais homogeinizadoras que tradicionalmente configuram nossas escolas. Segundo Bonilla e Picanço (2004) a provocação posta nessa expressão [...] representa uma crítica ao alardeado processo de modernização do sistema educacional pautado no simples uso das ditas "novas” tecnologias, que buscam elevar o mesmo tipo de educação a um maior grau de eficácia e eficiência. Ao mesmo tempo, essa expressão aponta para um problema fundamental: diante do contexto atual de mudanças, marcado pela presença das TIC, as formas de educação, normalmente concentradas no modelo da “escola única”, precisam ser repensadas, reinventadas, pluralizadas. Significa, inclusive, superar o modelo de “aula” como única possibilidade de espaço-tempo de relações entre os sujeitos envolvidos no processo educativo. Significa transformar o espaço-tempo educativo num campo do qual emergem as atividades curriculares e no qual se articulam os conteúdos às ações, o saber ao viver. Isso implica superar a fragmentação do currículo escolar, organizado em disciplinas. (p. ) Portanto uma educação que redefina os papeis de autor e leitor, de leitura e escrita, de ensino e aprendizagem, de professor e aluno no âmbito da escola superando o modelo verticalizante das pedagogias centradas no falar/ditar do mestre. Pois sem essa mudança de paradigma essas tecnologias apenas reforçarão a relação impositiva de uma dada pedagogia caracterizada por “[...] um modelo de comunicação vertical e autoritário na relação professor – aluno e linearmente organizado no tocante à aprendizagem”. (Martín-Barbero 2000, p.52). Uma escola que não transforme esse modelo centrado na seqüência linear, que propõe pacotes de conhecimento para uma pluralidade de sujeitos, não poderá responder as novas demandas de aprendizagem na contemporaneidade e que exigem novas formas de integrar saberes numa perspectiva interdisciplinar e multirrefencial.

Complementar com "o fim das certezas" (Adriane)

A importância das tecnologias digitais reside na possibilidade que as pessoas têm de empreender com essas tecnologias novos elementos de formular e de reconstruir conexões antes não possíveis pois, o acoplamento em rede implica estar em vários lugares, em uma conexão generalizada, que se consubstancia no exponencial máximo a rede mundial de computadores – a Internet

Na Internet são possíveis diversos acoplamentos e conexões que possibilitam estabelecer diferenciadas relações em vários campos de atuação, neste trabalho interessa-nos compreender a relação com o saber.

Relação com capitulo X do Cibercultura do Levy (Daisy)

Na compreensão de Pierre Lévy (2000:161-162) o saber na contemporaneidade significa a capacidade de enfrentar ondas, redemoinhos, as corrente e os ventos contrários em uma extensão plana, sem fronteiras e em constante mudança. Segundo o autor não existe mais espaços para a hierarquização do conhecimento.

Assim, o autor propõe uma reflexão sobre o futuro dos sistemas de educação e da formação na cibercultura fundada em uma análise das mutações contemporânea da relação com o saber. Três aspectos devem ser analisados: o primeiro a velocidade de surgimento e de renovação dos saberes e savoir-fair; o segundo relacionado diretamente com o trabalho - o trabalho na contemporaneidade significa cada vez mais aprender, transmitir saberes e produzir conhecimentos; o terceiro - no ciberespaço comporta tecnologias intelectuais que amplificam, exteriorizam determinadas funções cognitivas humanas: memória, imaginação, percepções, raciocínio. Essas tecnologias intelectuais favorecem: a uma nova forma de acesso à informação - via navegação por hipertextos, pesquisa em sites de buscas e novos estilos de raciocínio e de conhecimentos como a simulação.

Como palco para essas simulações encontra-se o ciberespaço como um fenômeno gerado por demandas sociais e também pela crise dos paradigmas, ocorrida na passagem do século XX para o XXI. No bojo desse fenômeno, e frente às possibilidades advindas do ciberespaço, os saberes se reconstroem e cresceram na rede de modo expressivo. No estabelecimento de interconexões e as redes colaborativas são fenômenos dinâmicos de uma sociedade que propiciam [...] esse novo suporte de informação e de comunicação emergem gêneros de conhecimento inusitados, critérios de avaliação inéditos para orientar o saber, novos atores na produção e tratamento dos conhecimentos. (LEVY, 2000:167). Nesse sentido a rede a rede web se circunscreve como reflexo cultural do momento em que vivemos, a qual influencia e expande os saberes, os conhecimentos os relacionamentos, as identidades e as comunicações o que proporciona mudanças nos padrões sociais e educacionais.

OBS: PESNSO QUE ESTA PARTE SOBRE A CULTURA PODE SER SUPRIMIDA DO TEXTO.

Para evidenciar alguns aspectos sobre a cultura, optou-se inicialmente pontuar alguns aspectos teóricos referentes à cultura, em seguida busca-se estabelecer nexos da questão cultural via o uso da Internet enquanto a rede mundial de computadores.

Dada a dificuldade de se estabelecer um conceito de cultura em face da sua complexidade, adotou-se algumas referência sobre o mesmo .Inicia-se com a referência do conceito de cultura nas proposições de Raymond Williams (1969), que considera o termo cultura excepcionalmente complexo. Em seu trabalho Cultura & sociedade ele vincula a questão da cultura não apenas a questões exteriores, às grandes transformações, mas também num âmbito de experiência pessoal e privada, ele analisa a complexidade e as transformações do termo cultura [...] tendência de crescimento natural [cultivo de vegetais e criação de animais] e depois, por analogia, um processo de treinamento humano. Mas este último emprego, que implicava habitualmente cultura de alguma coisa, alterou-se no século dezenove, no sentido de cultura, como tal, bastante por si mesma. Veio a significar, no começo, ‘ um estado geral ou disposição do espírito cultivado”, em relação estreita com a idéia de perfeição humana. Depois passou a corresponder a estado geral de desenvolvimento intelectual no conjunto da sociedade. Mais tarde ainda no final do século, veio a indicar todo um sistema de vida no seu aspecto material, intelectual e espiritual. Veio a ser [...] palavra que freqüentemente [...] provoca hostilidade ou embaraço.(WILLIAMS, apud REALI 2001,52).

(e qdo surge uma cultura de tornar publico o que antes era privado, criando "nichos" de mais ou menso publico, como nos blogs...) ( rss.: em uma epoca em q as pessoas estao provando que EH possivel viver em espacos cada vez menores - estive procurando apartamento...- , serah q eh possivel se esconder na multidao, nesta tsunami chamada internet?) (-- Main. Adriane Halmann - 14 Feb 2005)

Assim , a cultura não deve ser pensada como uma abstração ou apenas um conceito mas ela só tem sentido se for explicitado a partir da interconexão entre contextos amplos e restritos. Outro aspecto existente na citação é a questão do espírito cultivado, que ainda se expressa na contemporaneidade, segundo o autor o termo cultivado é amplamente empregado como cultura que pode designar a perfeição máxima que alguém pode a. alcançar, explicita um com forte vinculo religioso. Depreende-se dessas proposições do autor um elo com a educação no sentido do desenvolvimento harmonioso das qualidades e faculdades que caracterizam o homem, carregada da noção de superioridade ou de melhor.

Outro autor que se debruçou sobre a cultura foi Jean-Claude Forquin (1993). Ele compreende a cultura como um conjunto de traços característicos do modo de vida de uma sociedade, de uma comunidade ou de um grupo, aí compreendidos os aspectos que podem ser considerados como cotidianos, os mais triviais, ou os mais inconfessáveis, (1993, p. 62)

A questão cultural pressupõe uma relação entre sujeitos. Nessa relação, ensina-se e se aprende a transmitir determinados conteúdos, que podem ser fixos ou mutáveis, através de valores, crenças e conhecimentos. Tais aspectos viabilizam a existência da diversidade cultural. Desse modo, pode-se inferir que cultura e comunicação são íntimas e reciprocamente relacionadas.

No conceito de cultura elaborado por Forquin (1993, pp. 68-70), um dos traços característicos da cultura reside no modo de vida de uma determinada sociedade e/ou comunidade. Isso reforça a idéia de que, face às demandas da contemporaneidade, a intensificação dos meios telemáticos propicia algo que, historicamente, sempre foi estruturante na vida dos homens como animal gregário.

Para Forquin (1993), na perspectiva antropológica há uma ampliação do conceito de

[...] cultura que passa a ser entendida como um conjunto de traços característicos do modo de vida de uma sociedade, de uma comunidade ou de um grupo, aí compreendido os aspectos que podem ser considerados como cotidianos, os mais triviais, ou os mais inconfessáveis (FORQUIN1993,p.11´).

Essa concepção representa uma cisão na concepção de cultura, trazendo, para esta, elementos até então não mencionados como o cotidiano das pessoas.

Nessa perspectiva de ampliação e incorporação dos elementos de cotidiano ao conceito de cultura a autora Marilena Chauí (1993), propõe:

[...] a criação coletiva de representação, valores, símbolos e prática que determinam para uma coletividade suas formas de relação como o espaço, o tempo, a natureza e os outros homens, definindo o sagrado e o profano, o necessário e o possível, o contraditório e o impossível, o justo e o injusto, o verdadeiro e o falso, o belo e o feio, o legítimo e o ilegítimo, o nós e o eles.

Nessa compreensão antropológica da cultura emerge elementos e situações que valorizam o fazer cotidiano das pessoas, situando-as como sujeito, que produzem valores, hábitos, crenças, atitudes e expressam opiniões elaboradas ou não, que se misturam a outras formas culturais e expressam o modo de vida dessas pessoas. No movimento de manter e mudar as práticas cotidianas.

Com essa compreensão de cultura cabe indagar como situar as transformações ocorridas no final do século passado frente a expansão tecnológica? De acordo com as proposições de Castells (1999), esse é um evento histórico da mesma importância da revolução industrial do século XVIII, induzindo um padrão de descontinuidade nas bases materiais da economia, sociedade e cultura. Diferentemente de qualquer outra revolução, o cerne da transformação que estamos vivendo na revolução atual, refere-se às tecnologias da informação, processamento e comunicação. O que caracteriza a atual revolução tecnológica não é a centralidade de conhecimentos e informação, mas a aplicação desses conhecimentos e dessa informação para geração de conhecimentos e de dispositivos e de processamento/comunicação da informação, em um ciclo de realimentação cumulativo entre a inovação e seu uso. No cenário contemporâneo, o avanço tecnológico permite a emergência da união das telecomunicações à informática, vindo a propiciar a disseminação da World Wide Web. A WWW pode também ser compreendida como uma inovadora experiência econômica, social e cultural, através da qual é possível construir infinitas possibilidades. Essas possibilidades segundo Castells (1999) se viabiliza na Internet, esta se constitui a coluna vertebral da comunicação mediada por computadores, Assim.

A história do desenvolvimento da Internet e da convergência de outras redes de comunicação para a grande rede fornece material essencial para o entendimento das características técnicas organizacionais e culturais dessa rede, assim abrindo o caminho para a avaliação de seus impactos sociais. (CASTELLS:375.) [...] a tecnologia digital permitiu a compactação de todos os tipos de mensagens, inclusive som, imagens e dados, formou-se uma rede capaz de comunicar todas as espécies de símbolos sem uso de centros de controle (CASTELLS:375) [...] a Internet se expandirá como ágora eletrônica global, com sua inevitável dose de desvios psicológicos (CASTELLS:381).

(OBS: como é um texto para estudo deixei as páginas na citação para facilitar a discussão).

Desse modo a rede mundial de computadores diversifica e propicia uma grande fusão, ou seja , a multimídia amplia a comunicação eletrônica para todo o domínio da vida: de casa, do trabalho, de escolas de hospitais, de lazer e outros. Ainda apoiando-se nas teses de Castells (1999), ele analisa o sistema multimídia sobre as condições efetivas nos diferentes paises, do significado cultural que o sistema provoca profundamente modificações nas características e na trajetória como a tecnologia se inseriu naquela cultura. Pontua que a característica mais importante da multimídia é que ela capta em seu domínio a maioria das expressões culturais em toda a sua diversidade. Nesse advento da multimídia ele observa

[...] seu advento é equivalente ao fim da separação e ate da distinção entre mídia audiovisual e mídia impressa, cultura popular e cultura erudita, entretenimento e informação, educação e persuasão. Todas as expressões culturais, da pior á melhor, da mais elitista a mais popular, vêm juntas nesse universo digital que liga, em um supertexto histórico gigantesco, as manifestações, passadas e futuras da mente comunicativa. Com isso, elas constroem um novo ambiente simbólico, (CASTELLS:394). Grifos nossos.

Essas reflexões em torno das questões aqui tratadas nos remetem a discussão sobre o virtual e o real, que em conformidade com Manuel Castells mediante a utilização do dicionário, informa - o virtual consiste no que existe na prática, embora não estrita ou nominalmente, e o real - o que existe de fato. Com isso procura demonstrar que na verdade não existe muita diferença entre real e virtual e a influência de um sobre o outro. Acho complicada essa relação, precisamos avançar nisso

[...] o que é um sistema de comunicação que, ao contrario da experiência histórica anterior, gera a virtualidade real? É um sistema em que a própria realidade (ou seja, a experiência simbólica/material das pessoas) é inteiramente captada, totalmente imersa em uma composição de imagens virtuais no mundo do faz-de-conta, no qual as aparências não apenas se encontram na tela comunicadora da experiência, mas se transformam na experiência, (CASTELLS :395).

Destaca como característica - o novo sistema de comunicação, pautado na integração em rede digitalizada de múltiplos modos de comunicação, e sua capacidade de inclusão e abrangência de todas as expressões culturais.

O espaço de fluxos e o tempo intemporal são as bases principais de uma nova cultura, que transcende e inclui a diversidade dos sistemas de representação historicamente transmitidos: a cultura da virtualidade real, aonde o faz-de-conta vai se tornando realidade,(CASTELLS:398).

Em consonância com as proposições de Castells (1999), esse sistema de comunicação altera a noção e concepção de espaço e o tempo, as dimensões fundamentais da vida humana. Propicia que localidades não fiquem sem o seu sentido cultural, histórico e geográfico pois, estas se reiteram em redes funcionais que possibilitam a inclusão das suas imagens que ocasiona um espaço de fluxos que substitui o espaço de lugares O tempo é ressignificado em razão do novo sistema de comunicação no qual passado, presente e futuro podem ser programados para interagir entre si, na mesma mensagem,.

Portanto, as discussões aqui iniciadas não foram finalizadas e várias e diversos elementos devem ser acrescidos ao texto, ele é um estudo preliminar sobre o tema para ser reconstruído.

(Acho q qdo fala de conhecimento, dah pano p manga. Temos a necessidade de novos conhecimentos, e, consequentemente, novas formas de armazena-lo - vejam so o que sao os museus virtuais, eh uma doideira! - , novas formas de se relacionar com o conhecimento - a ciencia vai se relacionando com as humanidades e comeca-se a dar importancia para outras coisas, fazer ciencia ganhou novos significados -, novos modos de produzir conhecimento - a algum tempo atras, quem imaginaria construir um texto em uma plataforma de construcao coletiva?)... -- Main. Adriane Halmann - 14 Feb 2005

Ver - http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/andrelemos/cibercultura.pdf

REFERÊNCIAS BONILLA, Maria Helena; PICANÇO, Alessandra Assis. Tecnologia e Novas Educações. In: II Colóquio Luso-brasileiro sobre questões curriculares, 2004, Rio de Janeiro: UERJ. p. 3473-3488.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
LEMOS, André. Cibercultura. Alguns pontos para compreender a nossa época. In: LEMOS, André e CUNHA, Paulo (orgs.). Olhares sobre a cibercultura. Porto Algre: Solunas, 2003.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999. 264 p.
MARQUES, Mario Osorio. A escola no computador: linguagens rearticuladas, educação outra. Coleção fronteiras da educação Ijuí: Ed. Unijuí, 1999. 216 p.
MORIN, Edgar. Ciência com consciência. 2ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998. 350 p.
REALI, Noeli Gemelli. Ouvidos dominantes vozes silenciadas: a presença:ausência dos migrantes rurais no currículo escolar urbano. Chapecó: Argos, 2001
SILVA, Marco. Sala de aula interativa. Rio de Janeiro: Quartet, 2000.
TRIVINHO, Eugênio. Epistemologia em ruínas: a implosão da Teoria da Comunicação na experiência do ciberespaço. In: F. M. MARTINS, J. M. d. SILVA (org.). Para navegar no século XXI. Porto Alegre: Sulina; Edipucrs, 1999. p. 179-192.
WILLIAMS, Raymond. Cultura e sociedade: 1780-1950. São Paulo: Companhia Editora nacional, 1696. (coloquei esta fonte, porém no texto ela não foi usada diretamente do autor.)

-- MariaHelenaBonilla - 14 Jan 2005 -- AdrianeHalmann - 14 Feb 2005

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